Salário emocional: sua empresa sabe como utilizar?

Salário emocional: sua empresa sabe como utilizar?

salario emocional

Neste artigo escrito pela BG Desenvolvimento em parceria com a AsQ vamos te ajudar a entender melhor o conceito deste tema que vem ganhando força e voz recentemente, o salário emocional. Sua empresa está pronta para esta realidade?  

  • O que é Salário Emocional 
  • Diferenças entre benefícios e salário emocional 
  • Os 10 componentes do salário emocional 
  • Overview sobre os benefícios do salário emocional nas empresas 
  • O que é o Barômetro Emocional 
  • Dicas de como cultivar um ambiente emocionalmente saudável 

 

O Salário Emocional 

Podemos compreender o conceito de Salário Emocional através de diferentes perspectivas. Alguns autores o definem como uma forma de redução de estresse em contexto de trabalho, que melhora a saúde, a produtividade, a inovação e a competitividade. Outros possuem uma visão mais específica, como Temple (2007)1 por exemplo, que se refere ao Salário Emocional como todos os motivos não monetários pelos quais as pessoas trabalham alegremente, comprometidas e alinhadas com o que fazem profissionalmente. Para além disto, o Salário Emocional implica que os colaboradores de todos os níveis hierárquicos tenham a oportunidade de se sentir inspirados, ouvidos e valorizados como parte das suas equipes, em relação às quais sentem orgulho de pertencer.  

De acordo com Elizundia & Beaty (2018)2 (Fundadoras do Barômetro de Salário Emocional e da empresa Life Your Brand) o Salário Emocional diz respeito aos ganhos não financeiros que se obtêm do trabalho realizado e que motivam, alteram a percepção do trabalho e promovem o desenvolvimento pessoal e profissional. Desta forma, o Salário Emocional é diferente para cada indivíduo. Enquanto para uns o aspecto mais importante no trabalho pode ser a oportunidade de socializar e fazer amigos, para outros, isso pode não ser importante, dando mais relevância ao fato de terem oportunidades de se tornarem especialistas numa área. Ou seja, o Salário Emocional apresenta-se como uma retribuição pouco generalizável, mas altamente eficaz pela sua singularidade, flexibilidade e adaptação. 

Apesar das definições apresentadas, que na sua generalidade associam o termo de Salário Emocional à motivação e produtividade dos colaboradores, é importante reconhecer que dada a especificidade do conceito, ele acaba por assumir uma grande singularidade no contexto de cada uma das organizações, de acordo com os seus valores, missão e visão e com as características particulares dos seus colaboradores (necessidades e interesses). Por isso, este é um conceito que precisa continuar a ser estudado, dado que a investigação científica na área é ainda muito recente e reduzida. Ainda assim, compartilhamos a diferenciação entre o que é e o que não é SE: 

 

Exemplos do que é SE  Exemplo do que não é SE 
Ter a possibilidade de fazer as coisas à sua maneira, aplicar o know-how e gerir o seu tempo.  Objetivos claros e estanques, acompanhados do modo exato como têm que ser cumpridos. 
Sentir-se alinhado com a cultura corporativa.  Ter os valores da empresa afixados na parede com um design bonito. 
Ser apreciado e valorizado pelo trabalho desenvolvido.  Bónus extrassalariais. 
Ser dado tempo e espaço para explorar e aplicar ideias criativas.  Caixa de sugestões na entrada do escritório. 
Ter a possibilidade de Co desenvolver um plano de carreira gratificante.  Plano de carreira pré-definido. 
Trabalhar num ambiente que promove interações sociais divertidas e autênticas.  Realizar jantares, festas temáticas, atividades de team building, etc.. 
Trabalhar num ambiente possibilitador com pessoas inspiradoras.  Realizar talks/ eventos inspiradores com oradores externo na empresa. 
Ter a possibilidade de atingir a excelência ou maestria no trabalho.  Plano anual de formação interna. 
Poder trabalhar num contexto que permite aumentar o autoconhecimento e desenvolver-se como ser humano.  Seguro de saúde, parcerias com escolas, creches, etc.. 
Trabalhar em projetos que permitam o desenvolvimento de talentos, habilidades e competências profissionais.  Sistema de Avaliação de Desempenho para subir na carreira. 
Sentir que o seu trabalho contribui para um propósito maior.  Evento anual de apresentação de resultados. 

 

Componentes do Salário Emocional 

 No mesmo sentido, Elizundia & Beaty consideram que existem 10 aspectos que compõem o Salário Emocional no trabalho: 

 

Componentes do 

Salário Emocional 

Descrição 
Propósito  Ter um sentimento de identificação e significado resultante do trabalho e sentir que o trabalho que faz contribui para o seu propósito maior e da organização. 
Autonomia  A oportunidade de ter liberdade no contexto de trabalho, onde a pessoa se sente respeitada, valorizada e tida em conta como alguém competente, que tem espaço para escolher e gerir o seu próprio estilo, projetos e tempo de forma congruente com os seus próprios valores pessoais. 
Criatividade  Oportunidade de explorar, desenvolver e expressar de formas originais, diferentes e/ou inovadoras de fazer as coisas, permitindo a personalização do trabalho. 
Inspiração  A oportunidade de estar alinhado com os valores mais profundos de uma pessoa, transmitir-lhe sentimentos de possibilidade e orientação para fazer o melhor trabalho possível. 
Crescimento Pessoal  A oportunidade de adquirir autoconsciência, aprender com os erros, ser mais reflexivo e flexível, e aprender no ambiente de trabalho a desenvolver competências que nos tornam Seres Humanos melhores. 
Pertença  Ter um sentimento de ligação com a equipe, organização ou colegas. Ser reconhecido, apreciado, valorizado e identificado pelo papel desempenhado no sistema de trabalho. 
Crescimento Profissional  Oportunidade de desenvolver talentos, competências e aptidões através da exposição a oportunidades profissionais e sociais desafiantes, partilha com colegas, mentoria e supervisão, enquanto se reflete e aprender com os erros. 
Maestria  A oportunidade de adquirir conhecimento e uma compreensão mais profundas ao longo do tempo para se destacar, ganhar mais experiência e consciência das sutilezas de uma profissão. 
Satisfação  A oportunidade de ter satisfação, divertir-se e ter interações sociais descontraídas, baseadas no respeito, confiança e autenticidade, que permitem a espontaneidade, o humor e brincadeiras apropriadas. 
Direção  A oportunidade de visualizar, criar e escolher uma carreira profissional, assim como a capacidade de tomar e contribuir para as decisões que afetam a carreira profissional de uma pessoa. 


Benefícios do Salário Emocional
 

As empresas precisam de ter uma estratégia que ajude as suas pessoas a atingir a satisfação pessoal no trabalho, não só através do dinheiro, mas também pelas experiências emocionais associadas ao trabalho. Isto, de acordo com Gómez (2011) passou a ser um fator diferenciador para as empresas que pretendem tornar-se mais produtivas, reduzir o absentismo e as taxas de rotatividade e, criar um bom clima organizacional. Neste sentido, Carrión (2008) refere que atualmente as empresas sabem que é necessário: trabalhar o marketing de talento a longo prazo; criar condições para que os colaboradores possam usar e desenvolver os seus talentos; e tornar o trabalho uma experiência memorável, onde não haja um desperdício constante do talento dos colaboradores. 

Apesar do Salário Emocional ser um conteúdo novo na área acadêmica e empresarial, os estudos realizados têm mostraram resultados surpreendentes, indicando que colaboradores mais satisfeitos são também mais produtivos, mantêm uma melhor liderança e tendem a ter uma melhor remuneração. Ou seja, os benefícios de uma estratégia de Salário Emocional são relevantes não apenas para a felicidade dos colaboradores, mas também para o sucesso das organizações. Além disso, o Salário Emocional pode ser aplicado de maneira rápida, econômica e com resultados duradouros. 

 

Resumo dos benefícios de implementar Salário Emocional  

  Benéficos dos Salário Emocional 
Para os colaboradores  Redução do estresse devido à dinâmica de mudanças aceleradas no ambiente social, aumento da segurança e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. 
Para as empresas  o aumento da competitividade com base na diferenciação por esse fator de compensação emocional, bem como na identificação de melhores lugares para trabalhar. Também uma redução no abandono de talentos devido a uma melhor oferta econômica. 

 

Medir o Salário Emocional 

Atualmente o Barômetro de Salário Emocional é a única ferramenta, cientificamente validada, que mede o Salário Emocional de um indivíduo que trabalha em alguma empresa ou por conta própria. Este instrumento online, disponível a pessoas com 18 ou mais anos, permite que cada indivíduo tenha acesso a um relatório individual com os detalhes do seu Salário Emocional relativamente a cada um dos 10 componentes, conjuntamente com um plano de como aumentá-lo. 

O Barômetro de Salário Emocional é um instrumento que avalia empiricamente o nível de conhecimento dos profissionais relativamente aos benefícios não econômicos e de tudo o que não pode ser incluído como parte da sua remuneração flexível. Ou seja, os benefícios emocionais de se fazer o trabalho que se faz. O objetivo principal é que quem responda a este instrumento tenha acesso ao seu perfil atual, refletindo o seu nível de consciência, nesse momento. Este instrumento foi desenvolvido por Marilex Pérez Venegas em 2018, com base nos conceitos desenvolvidos empiricamente por Marisa Elizundia e com o apoio de Clodagh Beaty.  

 

Como promover uma Cultura Emocional? 

Algumas recomendações: 

  • Identificar o que a organização valoriza e em que emoções e atitudes a organização deseja incentivar esses valores; 
  • Criar um ambiente corporativo positivo que reflita a cultura e os valores da empresa; 
  • Minimizar as barreiras para criar e manter a cultura emocional conforme desejado. Se existem problemas, o foco deve estar na resolução dos mesmos; 
  • Dialogar sem julgamentos: conversas com impacto emocional – positivo ou negativo – não devem ser evitadas, principalmente pelos líderes. Devendo-se pelo contrário promover a inteligência emocional; 
  • Todas as conversas, mesmo que desconfortáveis, devem ser levadas a sério por forma a resolver as preocupações e frustrações dos colaboradores e a garantir que eles sentem que podem encontrar alguém; 
  • Os líderes devem ter claro, quais os comportamentos que desejam promover na sua equipe e como o podem fazer, evitando rotular os seus liderados com base na forma como expressam suas emoções. Por exemplo, usando rótulos como “pessimista”, “negativo” ou “emocional; 
  • Fazer regularmente um levantamento do nível de envolvimento colaboradores que inclua perguntas sobre como se sentem, ou não, à vontade em expressar suas frustrações ou em poder falar abertamente sobre seus sentimentos ou necessidades. Pergunte-lhes se eles gostam do local de trabalho e se sentem que este é um ambiente acolhedor. 
  • Prestar atenção se as pessoas que trabalham à sua volta parecem estressados ​​ou esgotados e disponibilizar-se para ajudar a resolver essas questões; 
  • Avaliar se as condições físicas do local de trabalho incentivam o tipo de cultura que deseja promover. Os colaboradores interagem uns com os outros? Existem espaços para colaboração? A sua privacidade está assegurada? Há espaço para interação entre líderes e liderados?  

 

Quer conhecer mais sobre o salário emocional e como aplicar de fato na sua empresa este e mais conceitos sobre desenvolvimento emocional? Acesse o canal do YouTube da AsQ que em breve teremos conteúdo exclusivo sobre o tema. 

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